DOM PEDRO II, O maior líder que o Brasil já teve e jamais terá novamente. - LEIA


Dom Pedro II





Ciro Moss Davino
Dom Pedro II
“Sereno aguardarei no meu jazigo a justiça de Deus na voz da História”. Palavras de D. Pedro II, grande imperador do Brasil por quase 50 anos, a quem nem o juízo tendencioso dos sediciosos conseguiu lançar leve nódoa, emparedados que estavam por sua colossal força moral.
Deixou o Brasil sem levar fortuna. E ainda nos legou derradeira lição de honestidade ao rejeitar a dotação que lhe concedia o Marechal Deodoro: 5.000 contos de réis, equivalente a 4,5 toneladas de ouro, para que vivesse sem dificuldades financeiras seus dias de exílio. Recusou a oferta afirmando que aqueles recursos eram da nação. Levou um travesseiro com terra do Brasil para apoiar a cabeça no derradeiro dia. Morreu dois anos depois em um modesto hotel, em Paris.
Que diferença! Que exemplo de virtude para os nossos jovens.
Nos dias de hoje alguns políticos inescrupulosos, com poucos anos de mandato conseguem lesar os cofres públicos em muito mais.
Não. Nós não somos assim como nos mostramos hoje. É só um desvio de percurso. A natureza dos brasileiros é boa. Afinal nós somos feitos do mesmo barro que os ingleses, os suíços, os americanos. O Brasil ainda vai dar certo.
Defensor da forma monárquica de governo, continuo tecendo elogios ao período em que o Brasil ombreava com as grandes nações. Como bem disse, certa vez, um diplomata brasileiro “na época do império, De Gaulle não teria tido o topete de usar a nosso respeito a expressão que notabilizou. Éramos um país sério.”
“Nosso povo não tem tradição” – afirmam alguns. “Eu aceito a monarquia contanto que o rei seja eu” – desdenham outros. Para estes, e pelo bem do país, recomendo que se conservem republicanos. Quanto à falta de tradição, argumento que foi a própria república quem se encarregou de inocular no caráter do nosso povo essa “tão nojenta feição”, como dizia Lima Barreto. E complementava: “esse aspecto da nossa terra para quem analisa o seu estado atual, com toda a independência de espírito, nasceu-lhe depois da república”.
O mesmo Lima Barreto, carioca, mulato, escritor talentoso prossegue deixando um roteiro das transformações que arruinaram a vida pública irremediavelmente: “Proclamada que foi a república, ali no campo de Sant’Ana, por três batalhões, o Brasil perdeu a vergonha e os seus filhos ficaram capachos, para sugar os cofres públicos, desta ou daquela forma. Uma rematada tolice que foi a tal república”.
E Lima Barreto vai mais além ao afirmar que quem quis a república não foi o povo. Foram as oligarquias interesseiras: “No fundo, o que se deu em 15 de novembro foi a queda do partido liberal e a subida do conservador, sobretudo da parte mais retrógrada dele, os escravocratas de quatro costados.”
O povo, “este assistiu atônito”, como observou o propagandista da república, Aristides Lobo, decepcionado com a falta de apoio popular.
Mas será que foi de apatia a atitude do povo?
O que dizer dos massacrados de Canudos? Dos humildes camponeses do Contestado, que enfrentaram as forças da república armados de espadas de pau? Dos civis e militares covardemente assassinados na ilha de Nossa Senhora do Desterro, por ordem do “sargento” Floriano? E os negros maranhenses e cariocas, como nos conta Gilberto Freire, “abatidos por tiros um tanto covardes da parte dos republicanos. Negros e ex-escravos espontâneos na sua dedicação ao Trono. Causa pela qual vários deles, negros e mulatos perderam a vida de modo exemplar.”
Dom Pedro II
Que tipo de premonição terá tido o beato Antônio Conselheiro para não querer que no Arraial de Canudos circulasse a moeda cunhada pela ordem golpista? Para este místico desconfiado, nem a moeda inspirava confiança. Parece que o Conselheiro adivinhava que a messiânica república, mais dia, menos dia, era de enfiar as mãos pelas botas.
A mola mestra do Império era o Poder Moderador. Ele harmonizava os outros três, e ainda espraiava o reverente temor à “sentinela vigilante”, como se refere o arrependido Rui Barbosa, ao Imperador.
O jurista João Mendes Junior dizia que o mal não está nos homens, mas sim nas instituições republicanas. É de se pensar. Não vem de hoje. A república se debate acossada por sucessivas crises. Muito mais que as crises, o que preocupa são as chagas que a desesperança vai imprimindo na alma do povo. “Parecia que o Império reprimia tanta sordidez nas nossas almas” – complementa Lima Barreto.
Mais de cem anos depois, a república ainda não conseguiu calar estas vozes. Mais de cem anos depois, a república ainda não conseguiu mostrar a que veio. Dizem alguns crédulos, que em certas noites sem lua, de vez em quando se ouve lá pelas bandas do Vaza Barris, onde o rio margeava o antigo Arraial de Canudos, esta triste ladainha:
“Saiu D.Pedro II
Para o reino de Lisboa
Acabou-se a monarquia
O Brasil ficou à toa.”
(Quadra entoada no Arraial do Conselheiro pelo povo de Canudos. Do livro: Os Sertões, Euclides da Cunha, Editora Francisco Alves & Cia, 6º edição, p. 206.)
Esse post foi publicado por William Amorim 15/03/2017  |
Em homenagem ao grande e eterno Dom Pedro II

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